Universidade Federal do Ceará
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo e Design

A doutoranda Raquel do Vale, do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Urbanismo e Design da UFC (PPGAU+D), foi convidada como painelista oficial da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em novembro de 2025, em Belém (PA).

Raquel participou do painel “Construindo Sistemas Resilientes e Eficientes em Energia: Medidas de Resposta para Mitigação e Adaptação Climática”, realizado na Blue Zone, área restrita onde acontecem as negociações oficiais e eventos credenciados pela UNFCCC.

Promovido pela iniciativa internacional MobiliseYourCity, o painel reuniu especialistas de diferentes países para discutir respostas climáticas integradas, com foco em mobilidade urbana sustentável, resiliência e eficiência energética. Na ocasião, Raquel apresentou dados atualizados sobre os avanços de Fortaleza na transição para uma mobilidade urbana de baixo carbono, destacando: O setor de transportes como principal emissor de gases de efeito estufa em Fortaleza, segundo o 5º Inventário de Emissões, com 1,7 milhão de toneladas de CO₂e/ano;A expansão da rede cicloviária para 501,7 km até 2025, garantindo acesso para 64% da população;A consolidação do sistema público de bicicletas Bicicletar, que ultrapassou 8,3 milhões de viagens e evitou 3.425 toneladas de CO₂;
A adoção de monitoramento inteligente, que registra mais de 10 mil ciclistas por dia, auxiliando na mensuração de emissões evitadas e impactos territoriais;A implementação do Plano Municipal de Caminhabilidade, que estabelece a caminhada como infraestrutura estratégica de mitigação, eficiência energética e equidade urbana.

Esses resultados apresentados na COP30 têm conexão direta com o foco da pesquisa de doutorado de Raquel, que investiga como o planejamento urbano pode contribuir para cidades mais inclusivas, eficientes e resilientes. No contexto do Plano Diretor Participativo e Sustentável de Fortaleza (PDPS 2025), essa discussão se materializa especialmente no conceito de centralidades de eixo — eixo central de sua tese.

As centralidades de eixo são áreas definidas pelo PDPS 2025 ao longo dos principais corredores de transporte coletivo — avenidas estruturantes, linhas de metrô, VLT e terminais. Por concentrarem acessibilidade, infraestrutura urbana, serviços e oportunidades econômicas, essas centralidades são vistas como espaços estratégicos para aproximar moradia, emprego e serviços, promover uso misto do solo, incentivar modos ativos de deslocamento e reduzir a dependência de veículos motorizados individuais.

De acordo com Raquel, esse diálogo entre mobilidade sustentável, planejamento climático e estruturação urbana está no centro de sua tese: “Fortaleza tem avançado na integração entre mobilidade sustentável e planejamento urbano climático. Essa integração está no centro da minha pesquisa, que analisa se as centralidades de eixo propostas pelo novo Plano Diretor conseguem promover inclusão social, reduzir desigualdades territoriais e fortalecer modos ativos de deslocamento”, afirma.

Ao levar essa reflexão para o principal palco de debates sobre mudanças climáticas do âmbito global, Raquel reforça o papel estratégico da academia na construção de cidades mais justas e sustentáveis: “É fundamental que a produção acadêmica contribua para qualificar o planejamento urbano. Estar na COP30, como técnica e pesquisadora, significa articular ciência, política e prática profissional em um único espaço”, conclui.

A participação de Raquel na COP30 reafirma o compromisso do PPGAU+D com a formação de pesquisadores engajados em temas contemporâneos como mobilidade urbana sustentável, justiça climática, desenho urbano e direito à cidade.